sexta-feira, outubro 21

A Rebelde do Deserto


Sociedade Maravilhosa



*Leitura da MLI 2016


"O deserto de Miraji é governado por mortais, mas criaturas míticas rondam as áreas mais selvagens e remotas, e há boatos de que, em algum lugar, os djinnis ainda praticam magia. De toda maneira, para os humanos o deserto é um lugar impiedoso, principalmente se você é pobre, órfão ou mulher."



Ano: 2016 Páginas: 288 - AutorAlwyn Hamilton Editora: Galera Record Skoob



      Nossa protagonista, Amani, é as três coisas. Depois que os pais morreram ela passou a ser criada por um casal de tios, que não gosta dela e vive dizendo que ela dá muitas despesas e precisa casar. Afinal, você só tem voz em Miraji, se for um homem ou se for casada com um, considerando o fato de que Amani mora come e dorme de graça na casa, o tio decide que se casará com ela e Amani decide que não se casará com ninguém para viver uma vida de submissão, com isso, ela precisa fugir de Vila da Poeira, só não sabe como. 
        Valendo-se de ser uma das melhores atiradoras do local, ela se disfarça de menino e se mete em algumas confusões tentando arrumar dinheiro para fugir, em uma delas, conhece Jin, o forasteiro que futuramente a ajuda a fugir da cidade em cima de um do Buraqi, (um cavalo feito de poeira, sim você leu certo). Deixando para trás o deserto que cresceu e a vida que acreditava ser a única que tinha.

Aqui começa a nossa viagem pelas páginas desse livro que foi a melhor fantasia juvenil que eu li esse ano, (se a Alwyn existe, graças a Deus)

A guerra pelo trono tem sido constante nos últimos anos, a articulação política é um ponto alto do livro, os rebeldes alegam que o sultão não governa bem - e não governa mesmo - e que ele está vendendo o deserto em troca de "progresso", um exemplo disso é que em Vila da Poeira existe uma fábrica de armas e outros artefatos em metal que é o que sustenta toda a Vila, e a fábrica é estrangeira.

         Porém, depois de um tempo descobrimos que as criaturas mágicas que habitavam o deserto tem o metal como fraqueza, portanto, o desaparecimento delas se deve ao excesso de metal e não a suposta inexistência dos mesmos. Tais criaturas mágicas tem seus "subgrupos" cada grupo com suas funções e poderes, mas, são mais conhecidas como "Imortais" - seres criados antes dos homens. Como em toda mitologia, imortais e humanos tiveram filhos, tais descendentes não herdam a imortalidade, mas, herdam os dons dos pais. Esses dons causaram a ruína de muitos deles, com isso, a maioria vive isolada ou fugindo do sultão.

        Ao longo da caminhada de Jin e Amani, temos VÁRIOS plot twists e você não se cansa deles apenas se prende mais, você vai devorar esse livro, vai achar a autora a pessoa mais incrível do mundo pela criação dessa mitologia que é simplesmente incrível e acima disso, vai suspirar por Jin e Amani, para além do casal, vai suspirar pelas lendas, pelo realismo de uma história tão fantástica e principalmente, você vai gritar pela revolução!


#UmaNovaAlvoradaUmNovoDeserto.

Sobre a trama romântica: Ela sabe totalmente seu lugar na história, em momento nenhum invade o espaço do que está acontecendo de verdade e muito menos da trama política, sabe acontecer, sabe sair de cena. O que eu mais gosto é que primeiramente você toma um choque "eles não deviam se tratar assim" ou "eles deveriam mostrar mais fofura", mas, isso é culpa dos YA que a gente tem lido, eles não são dependentes, não são uma coisa só e muito menos precisam um do outro, eles são companheiros um do outro, a mocinha indefesa que não podia fazer nada ao invés de casar, salva o forasteiro armado mais vezes que poderíamos esperar e eles acabam se conhecendo tão bem, que fazem coisas um pelo outro apenas pela confiança, sem o outro precisar explicar ou pedir duas vezes e isso cria um vinculo lindo no casal (e nosso com o casal).


"Eu era uma garota do deserto. Achei que soubesse o que era calor. 
Estava enganada."


***
Sociedade por favor leia este livro. Como vocês podem notar pela resenha, o inicio é um pouco arrastado, mas, tudo isso tem um motivo, afinal, estamos sendo inseridos num outro universo e tudo precisa convencer e fazer sentido, não dava para correr ali. Para além, o livro é sem duvidas um dos meus preferidos do ano e o final dele é instigante, poderia ter acabado aqui, mas, fiquei feliz que mais coisas vão se desenvolver e já tô surtando pelas próximas rebeldias -(risos), agora é aguardar o ano que vem para conferir as reviravoltas que todo segundo livro de trilogia traz pra gente!

Sobre a Rebeldia da Rebelde: Amani é maravilhosa, dona de si, forte, guerreira, em nenhum momento ela baseia seu futuro em Jin depois que ele a ajuda a fugir. Ela tem total certeza do que quer e não espera ajuda de ninguém para tal, a vida toda ela foi solitária não se importaria com isso agora. Amani não é um pessoa manipulável, as questões descobertas sobre a verdadeira identidade dela e de seus pais, a tornam ainda mais intensa e as verdades absolutas estabelecidas no último terço do livro certamente serão questionadas no próximo. Amani não vai abaixar a cabeça para qualquer explicação meia boca, portanto, eu estou muito ansiosa pela continuação.

                                                                                         ***

OBS: Muito do livro se passa em um lugarzinho confuso chamado Tiroteio, durante a leitura eu parei mil vezes para rir da expressão "Mais perdido que cego em tiroteio", eu sei sou estúpida por rir disso, mas, não deu. 





Nenhum comentário:

Postar um comentário